Mórbido Amor
Eu não quisera e sequer então poderia,
Sentir teus lábios entre os meus enfim roçarem,
Enquanto elevo-me a rotunda melancolia
Destas nossas genitálias aos poucos se tocarem!
Teu hálito de angustia apenas me consumia,
Quando do teu ventre nasceste o novo pródigo,
Que a alma no infinito da podridão se retorcia,
Gemendo um verso dentre um hediondo código
Quem virá sussurrar em tua plácida cabeceira,
Ao leito que a morte senão se pronuncia?
No infame espírito que a embriaguez devaneia.
A própria morte ao sepulcro me penitencia
Venha comigo sentir o mundo desabar,
Ao fitar-te sob a argêntea sinfonia d’uma canção
Comigo neste solo poderemos retumbar,
Enquanto apodrece-se esse meu iníquo coração!