Ophelia
Altivo, agora remoto, o Sol explodia em fogosos amores;
Transmitia em seus raios o calor da manhã inebriada;
Junto dele e dela, admirando-a e a queimar-me em ardores,
Via rubra, n’água refletindo, Ophelia, minh’amada.
Pudera ser outro teu fado?
Puniu-me ao punir-te,
Tu pagaste pelos meus pecados!
Do labor de abrigar-nos enfadado,
O Sol arrastara de mim o anímico.
Cá estou, ê! Carniça pura, macerado!
Aquela pungência de fazer doer
E, o principal: queimar,
Aviso dorido seria do anoitecer?
Ai Sol, ai Lua,
Por que não me pertenceis?
Vosso dueto uníssono declararia: “Ela é tua! Ela é tua!”
Gotinhas cálidas de sereno
Adornavam a negra lisura dos seus cabelos –
Cujos fios destacavam-se na poética noite russa –
E consigo a Lua levou minha musa...
Novembro/dezembro de 2013