CORAÇÃO ASSASSINADO
É estranho, mas a morte esse estado estático de inconsciência
Acompanha a vida mesmo ainda não consumada na sua essência
É uma sombra insistente ao lado da gente, uma amiga leal
Nos matando aos poucos, nos espreitando como um chacal
É estranho pensar a morte, paradoxo do nascimento
Mas ela estava lá quando abri os olhos no firmamento
Em cada década passada, túmulos se acumulam na jornada
São planos, sonhos, projetos, uma ideia assassinada
É estranho sentir o gosto da morte respirando o ar da inocência
Mas ela está em nós ainda que dotada de incoerência
Sorrir para o mundo quando às vezes me encontro enterrada
É ver em cada dia gasto sua presença manifestada
Mas se não provo os goles da morte já me perdi na escuridão
Não vivi intensamente se não tive assassinado o coração
Por isso aprendi que o sinônimo da vida é doer
Que a força oculta que motiva a existência é morrer.