CORAÇÃO ASSASSINADO

É estranho, mas a morte esse estado estático de inconsciência

Acompanha a vida mesmo ainda não consumada na sua essência

É uma sombra insistente ao lado da gente, uma amiga leal

Nos matando aos poucos, nos espreitando como um chacal

É estranho pensar a morte, paradoxo do nascimento

Mas ela estava lá quando abri os olhos no firmamento

Em cada década passada, túmulos se acumulam na jornada

São planos, sonhos, projetos, uma ideia assassinada

É estranho sentir o gosto da morte respirando o ar da inocência

Mas ela está em nós ainda que dotada de incoerência

Sorrir para o mundo quando às vezes me encontro enterrada

É ver em cada dia gasto sua presença manifestada

Mas se não provo os goles da morte já me perdi na escuridão

Não vivi intensamente se não tive assassinado o coração

Por isso aprendi que o sinônimo da vida é doer

Que a força oculta que motiva a existência é morrer.

Susana Torres
Enviado por Susana Torres em 26/09/2013
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