Mentiras
Havia o sol, havia o céu e o mar
uma lua no horizonte mansa e calma.
Estrelas cruzavam o céu deste amar
Pintavam de azul o tom de minha alma.
Fizeste-me acreditar que era minha
a maior, a mais viva e louca delas.
Vi brilhar em tuas doces letras belas,
O falso amor que em cada frase vinha.
Cintilantes, sem cor ou sem massa,
na ilusão de um dia seco e quente.
tua palavra, sem sentido passa
Voando pelo ardor de tua mente.
Volumosas e aparentes, pareciam
querer sugar por entre os diferentes vãos
um tesouro, escondido pelos grãos,
que de belas fantasias fenesciam.
Teu interesse vil, severo e enganoso
fez surgir minha riqueza, uma ilusão
Que cantava em tom melodioso,
E era luz; um sol na escuridão.
Mentiras brotaram, assim, qual peixes
na superfície de um rio envenenado,
fazendo ressurgir do chão os feixes
na imensidão de um vazio condenado.
Tua alma cinza-chumbo como a noite
sumiu, então, no triste vão da madrugada
tal fumaça no ardor de um mero açoite
ou o calor no asfalto desta estrada.
Restou-me a flor que ora coloco em cada linha
em cores nos poemas submersos
Triste, morta de esperança e vinha
Que dia a dia comporão todos os meus versos.
Até que finde o meu dia no horizonte
E a vida não seja mais que lança em riste
Verás nascer dos desertos que deixaste
o mais belo campo de flores que já viste.