"Como papel...
... no rio chamado RECANTO"
Sobre o rio abaixo, o barco some por ser de papel.
Não tem peso, não tem massa, não tem consistência
para continuar navegando...
A correnteza o levou, levou suas fibras, seus vincos...
na água tudo dissolveu.
Os olhos do menino curioso, foram procurar onde a vela estaria.
Não a encontrou, no pequeno rio ela se prendeu embaixo da pedra...
A pedra que fez obstáculo, formando cachoeira,
molhando o barco, levado pela correnteza,
Derretendo os vincos e as fibras, só sobrou a vela.
Sem peso, sem massa, sem consistência para navegar.
O menino olhou para os lados, sem demora correu até o caderno
de onde arrancara mais uma folha de papel.
Fez um novo barco e colocou-o para zarpar.
Desta vez sem a vela, porque pensou que ela faria o barco afundar.
As águas o tragaram, as fibras se dissolveram,
seus vincos amoleceram.O barco novamente sumiu...
Pois não tinha massa, não tinha peso, nem consistência
para continuar navegando até o destino desejado pelo menino.
O menino olhou as águas do pequeno rio e refletiu:
Como poderia em meio a calmaria perder dois barcos?
Ele não havia entendido, que para um barco de papel
aquela calmaria era uma frondosa correnteza.
Olhando para o horizonte enfim ele uniu, papel e água,
sem massa, sem peso, sem consistência para completar a viagem.
Distanciou-se do rio, lentamente, pensativo
e na sua humildade proferiu:
Meu barco amoleceu, por duas vezes tive o trabalho de reconstruí-lo, mas foi em vão.
Achei que era a vela, o fiz só de papel, mas enfim compreendi.
O papel não tem massa, não tem peso, nem consistência.
Me espere, vou buscar aparatos que tenha...
O rio a espera ou não do menino, por sua vez,
continuou seguindo seu velho curso.
22/05/2013, Goiânia-Go