DOR

Silenciando o excesso de burburinhos,

Que insistentemente falam sem limite,

Provocando uma confusa dificuldade,

De refletir com serenidade

As necessidades, mais urgentes,

Respiro profundamente.

Mas, nesse momento, descubro a exaustão,

Do corpo e da alma que grita por descanso,

Ou quem sabe, uma fuga estratégica,

Onde não seja necessário sequer,

Falar ou ouvir, apenas calar,

Apenas ficar ausente de mim mesma.

Percebo cansada de não ser apenas,

O incomodo do burburinho,

De centenas de intrusos,

É muito mais, muito maior,

Descubro com lagrimas longas,

Que o cansaço maior, é de mim mesma.

Assustada, me volto para o espelho e me deparo,

Com uma desconhecida, que me desperta pena,

Ao olhar seu rosto, tão sem vida, sem brilho, opaco,

Quem é aquela mulher, sofrida, rogando com olhar,

Carinho, atenção, afago, doçura ou apenas silêncio.

Estendia os braços cansados, em busca de mim,

Sim, de mim mesma, pois aquela imagem,

Nada mais era, do que eu mesma...

Em prantos assumi minha inteira real e imensa dor,

Minha dor, tão inconscientemente, negada, mas tão viva,

E expressamente declarada, em meu cansado rosto,

Que apenas eu, com meu mundo fictício, não a acolhia.

Celi Romão
Enviado por Celi Romão em 18/04/2013
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