O MEU LUGAR

Divago na impossibilidade,
Febril, sedento, faminto,
Divago na quanta necessidade,
De me libertar do eu labirinto,
Me sinto refém do sistema,
Me debato, bato asas sem tê-las,
Procuro no céu uma estrela,
Revestida de poema,
Nada encontro além de nuvens,
Escuras como a noite que me tem,
Conspiro,deliro, perco a postura,
Contraio uma dor desmedida,
Seguida pela loucura,
Loucura que me olha, mas, não me domina,
Se ajeita, respeita demais a lucidez,
A consciência da inconsciência,
Não atende a urgência,
De uma alma submetida,
Aos padrões da normalidade,
Cansada da palavra talvez,
Retomo então, o meu lugar,
De mero humano vivente,
Recuo o meu olhar,
E nem percebo o sol nascente,
Entrar pelo vão da cortina.


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ERRO DE CÁLCULO

Divagando entre a neblina,
desço ruas, viro esquinas
na tentativa insensata
de escapar do labirinto,
que me sufoca, que mata,
a minh'alma peregrina
que não se aquieta, faminta,
quer voar muito mais alto.
Nesse estranho sobressalto,
eu deliro imerso em sonhos,
porque nunca me disponho
a acomodar-me à rotina,
que dita regras e normas,
que tenta por todas as formas
mudar o meu ser, o meu eu.
Louco não sou, disso sei,
mas parece me enganei
quando, aqui, eu encarnei.
O que foi que aconteceu?
Talvez um erro de data
(vou fazer logo a errata).
Mais pra frente ou para trás,
outro tempo, outra era...
Estou condenado à espera
pra tentar uma vez mais.

(HLuna)