FUGAZ

Cheiro do passado,
Lembranças esmaecidas,
Em um rosto cansado,
Rugas, miragens, vertigens,
Desalinho, sobras de vida,
Estranha imagem,
Caminho angustiante,
Remota possibilidade,
De receber um sim,
Alma em desconsolo,
“Ouro de tolo”,
Entre as coisas e os vocábulos,
Um hiato, um obstáculo,
Para a eternidade,
O instante a instante,
De fugacidade,
E o tempo se distancia...
Transmuta a poesia em dor,
Esconde o esplendor,
Murcha a flor do jardim.


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TOLICES

Fugaz é o tempo
que leva, não traz.
Cruel passatempo
que brinca com a gente
e ri-se contente
gargalha por trás.
A ele me rendo
porém não entendo
a cruel brincadeira
cansado da lida
lembranças perdidas
de uma vida inteira.
Ser ouro de tolo
é fraco consolo
a imagem se apaga
parece que vaga...
já escureceu.
Poema sem tema
a mais pura gema
também se perdeu.
Enquanto escrevo
(não sei nem se devo)
eu noto, concluo
e ainda acentuo:
o tolo sou eu.
(HLuna)