SEM PALAVRAS

Procuro-me por tantos lugares,
Nas penumbras, nos luminares.

Sinto o tempo me envolver, escorrer,
Por entre as entrelinhas do viver.

Marcar a minha face entristecida,
Nessa procura incandescida,

A angústia me possui por inteira,
Me reduz à gotas de sexta feira.

Enviesa, pesa, lesa a minha nudez,
Me deixa distante da lucidez.

Bem próxima da loucura,
Alma suspensa, propensa a ruptura.

Insto... procuro-me no eu inverso,
Na simplicidade dos meus versos.

Além para além do meu grito,
De tudo aquilo que ainda acredito.

Além dos mistérios da longa estrada,
De curvas sinuosas, porosas, caladas.

Meus olhos cansados cismam,
Todas as palavras se findam.

E eu não me encontro em nada.


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FRACASSO

A minha face marcada
mostra as pedras da estrada,
que encontrei no meu caminho.

Tropecei vezes demais.
Parei muito, andei pra trás...
Nada achei, sempre sozinho.

 Já não sonho, já não rio.

Eu perdi o desafio.

(HLuna)