O Surdo.

Estou fadado a nunca mais

Ouvir as palavras de minha boca.

Somente, as pronuncias de minha mente,

Que parece ser um pouco louca,

Venenosa igual serpente.

Estou fadado a nunca mais

Ouvir o som do ambiente,

Silêncio de não paz,

Será mudo o meu repente,

Mesmo ao lado duma multidão,

A minha sensação

Será de vazio.

E olhando por um espelho anil,

Estarei lá, jogado,

Como num canil,

Enjaulado.

Sem a liberdade fonética!

Não terá musicalidade

Minha produção poética,

Apenas saudade,

Da audição perdida,

Que me dava dias musicados,

Alegrias em minha vida,

Acordes apaixonados.

Agora sou moço

Que não se expressa,

Também não ouço,

Pra morrer, tenho pressa.