RIO
No passado
Presente, caudaloso,
Generoso,
E em calmaria, corria
Turbulento. E só rio .
Sorria,avesso aos perigos
Era amigo! Sem medos, lajedos,
Lava-bundas, borboletas, piabas,
Lambengos, corrós,
Iuiús, galinhas-d’água
Príncipes e socós.
Asilo da sede dos rebanhos.
Primeiro verso, primeiro amor,
Rio que corpos e almas banhou.
Lavandeiras,cantorias,
Rio-serenata, rio-poesia!
Agora escoado,
Fosso sujo, escorraçado,
Relicário tantas vezes visitado.
Hoje um leito sem leito
Sem jeito
Saudade! Maldade!...
Homem que polui e castra,
Casta que corrompe e a tudo mata.
Amputou braços, nascentes,
Vazou olhos impedidos de chorar
E tuas lágrimas, doces águas
Poluídas,acorrentadas!
Já não rio, não sorrio! Sofrer...
Espelho de águas... vida
No útero da terra esvaída
Impedidos de correr.