AZUL- CINZA

Acima da minha cabeça o azul,

em minha volta o incolor e o inerte.

São dias que se somam sem propósito.

Dias que se subtraem de mim.

Estou em uma clausura sem fé,

em um ostracismo sem pérola!

Os degraus parecem seguir horizontalmente,

e o chão, meu abrigo, desprende-se...

O quê esse início principia?

Reescrever-se-ão os dias e as datas...

Meus olhos mantêm-se quase fechados,

há um grito apático

e uma dor silenciosa, desabrigada.

Meu corpo é abrigo apenas da minha carne,

que me fere.

Estou presa...

Tudo parece louco e eu sã.

São apenas círculos concêntricos

e voltas excêntricas.

-Céu azul, cinza!

Estou sob os destroços de uma guerra

na qual apenas não morri...

Espero por um efeito embriagador,

mas apenas fico bêbada!

Se o silêncio fizesse algum barulho,

talvez eu despertasse.

Procuro pelo amarelo,

mas o pastel sobrepõe-se.

Sinto-me só...

Sua ausência, minha companhia,

Sua presença, meu cárcere ...

Não quero seguir o caminho escrito nas linhas da minha mão.

(JANEIRO-2008)

Rosa Sousa
Enviado por Rosa Sousa em 05/01/2011
Reeditado em 16/09/2016
Código do texto: T2711265
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