Corrosão

Roubei-me de mim

porque ousei dizer

o sonhado de há pouco,

ainda quente,

amado

que ficou em minhas entranhas.

Furtei-me de mim

porque cansada

sinto ecos escorroendo-me

pele ainda tórrida

macia de encontro

sob o espectro do silêncio que me cala a alma.

De que me sobra

se tento ou se luto

sozinha

em busca do que se ausenta,

do que se esvai de mim

inerte

será?

com rastros a fazer doer meu sentir.

Ana Perissé

Ana Paula Perissé
Enviado por Ana Paula Perissé em 02/07/2008
Código do texto: T1061245
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