Papel que enrolava pão

PAPEL QUE ENROLAVA PÃO.

Escrevi meus sonhos de piá, em papel que enrolava pão.

Os sonhos eram bem grandes, bem maior que os papéis que tinha.

Planos enormes assim como o lápis, que também era maior que a mão,

Com eles misturei ideias, alguns riscos e um pouco de farinha.

O pão acabava em instantes, cada um pegava um bocado,

E o papel ficava comigo, o meu brinquedo de criança.

Mal sabia eu que aqueles traços, mais tremidos que alinhado,

Eram em um papel amassado, as minhas cartas pra esperança.

Sonho de piá,

Tal como pontas de flor de anis,

No papel de pão que para trás ficou.

Me torna menino o que ainda não fiz

E me faz mais fraco o que ainda não sou.

Sonho de piá,

Tal como nuvens que no céu se somem,

Os meus papéis foram se consumindo,

Me escondo hoje nas coisas de um homem

Por não ter sido o que era de menino.

Guardava tudo bem arrumadinho, colocava um em cima do outro,

Não me importando qual deles, viria a existir primeiro,

Se era a prenda a gaita ou o potro,

Porque pra mim o papel e sonhos, eram verdadeiros.

Quando me encontro nos meus desenhos, nos planos do papel de pão

Me embaça os olhos os flocos de farinha.

Vendo minhas linhas quase apagadas, palpita forte o meu coração

Misturando forças, descrenças, sonhos infantis e dor.

Sonho de piá,

Tal como pontas de flor de anis,

No papel de pão que para trás ficou.

Me torna menino o que ainda não fiz

E me faz mais fraco o que ainda não sou.

Sonho de piá,

Tal como nuvens que no céu se somem,

Os meus papéis foram se consumindo,

Me escondo hoje nas coisas de um homem

Por não ter sido o que era de menino.

Renato Pimentel 55 999061319

Renato Pimentel
Enviado por Renato Pimentel em 25/07/2021
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