Mulato solitário

Essa companheira enxuta muitas vezes o fez chorar!

Hoje ele vive no sertão num grande isolamento

E não sabe quando vai acabar o seu sofrimento

Há muito tempo ele escreveu o seu nome

Bem bonito no pé da majestosa figueira

E escreveu também no braço da sua morena trigueira

Ao escrever no braço da sua amada,

Parecia que estava escrevendo no seu coração

Seu nome marcante, imponente, sofreguidão!

Ela era bela, morena cor de jambo

Ela não percebeu o tanto que esse caboclo a adora!

Moreno que só de pensar nela, cantando…, chora!

Por nada essa matuta foi se embora daquele rancho

Deixando no coração do caboclo muita saudade

Muita tristeza, num coração cheio de sinceridade

A vida deste matuto é como a de um passarinho,

Que cantando vive e voa faceiro!

Mas se ficar preso, fica pesaroso e morteiro

É assim que vive esse caboclo em sua querência

Só tem ela por companhia, seu velho amor e mais ninguém

Uma vida sem nada, sem amor e sem seu bem

Ele recorda sempre do tempo em que vivia alegre

Cantando com o olhar lacrimoso, mas o coração insiste

Ele é forte, é corajoso, seus sentimentos resiste

Na varanda ele passa os fins de tardes pensando na sua amada

Na sua choupana querida, de uma porta e três janelas,

O mulato passa os domingos refletindo suas mazelas

Como lembrança, traz uma saia, uma conga e um cacharréu!

Diante de tantas recordações ali debaixo da figueira,

Ele espera o sol se pôr, como se põe a vida passageira

É isso aí!

Acácio Nunes

Acácio Nunes
Enviado por Acácio Nunes em 31/10/2018
Código do texto: T6491059
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