Oi
Nossa música é alegre e embalante
Me lembra as noites em que dançávamos
seja em casa ou fora
Fui um pouco sua professora de dança
Mas você me ensinou a dançar também
Juntos criamos uma forma única
um jeito singular que só conseguia com você
Mas a última vez que dançamos
não estávamos no mesmo compasso
A letra da nossa música
como uma previsão apocalíptica
nos pegou sem percebermos
e protagonizamos a história prevista por ela
só o cenário mudou, méritos da tecnologia
Vivenciamos o que nela o poeta canta
conscientes ou não
Não importa!
De qualquer forma, a primeira estrofe
já não é mais nosso hino
Mas os dois primeiros versos…
declaração inconsciente perversa!
E o que fica é a lembrança inegável um do outro
ao ouvir aquela música que costumávamos chamar de “nossa”
aquela, que fazia nossos olhares se buscarem de súbito
e um sorriso tímido nascia em nossos olhos e bocas
e mesmo quando disfarçava, eu podia sentir sua vibração
Dependendo do lugar, seria crime não dançar
em especial, aquela noite que a dançamos engenhosamente
e invadimos o salão com maestria (cena digna de uma curta-metragem)
O que fica é a saudade (mesmo que tímida, como uma lembrança vaga e intrusa)
ao sermos pegos de surpresa quando num ambiente qualquer
nos deparamos com ela a tocar
não só aquela, mas muitas outras músicas, e você sabe...
O que fica, inquestionavelmente, é a saudade de dançarmos juntos...
(Jhow)