A saudade também tem os seus critérios

Valem a pena ou não valem apenas?

Que pena!

Até porque nem todos são visitados

lá no cemitério,

talvez a mais cruel expressão de saudade,

o que reforça esse mistério,

mas há um critério

e devem pesar questões,

sobre o que fomos, somos,

fizemos, fazemos,

queremos ou não queremos.

Pretendo deixar saudades,

mas não estarei aqui para comprovar,

mas é contestável essa afirmação.

Uns dizem que sim, outros que não,

só sei que deve ser muito difícil,

provar desse sabor tão amargo,

muito mais que os embargos,

numa suposta condenação.

A saudade é um sentimento muito forte

ou depende de muita sorte,

para quem nunca fez nada

e mesmo assim, como uma alma iluminada,

ainda é lembrada.

Explique isso, você que é doutor,

porque eu sou apenas o escritor.

Um bom exemplo de vida,

uma história que valha a pena ser repetida

e revivida,

algo que acrescente, cobra muito isso a saudade,

até mesmo da serpente,

cujo veneno não é facilmente esquecido

e por falar nisso,

algo de estranho aconteceu naquela tarde

e naquela varanda,

pois era uma tarde, assim como uma outra qualquer,

numa varanda comum, como tantas outras.

Mas havia algo de diferente no ar,

como hoje, após três anos, ainda há.

Algo de muito peculiar,

pois havia muito fascínio,

que foge ao simples e prático raciocínio,

pois foi e ainda é, muito intrigante,

os encantos daquela mulher.

A saudade condensa em si só,

a suavidade do amor, e ao mesmo tempo,

o furor das paixões, pequenas e grandes ilusões

e mesmo as desilusões,

mesmo que não se queira lembrar.

Saudades da infância, da adolescência,

da puberdade e mesmo já na terceira idade,

a saudade é como aquele cão fiel,

que na ausência do dono,

mesmo que lamente,

infelizmente terá que mudar de lugar.

Mas a saudade passa

e o tempo vai faze-la passar.

A saudade é muito malvada,

mas para provar que não é assim tão insensível,

das modalidades que criou,

só uma considerou irreversível,

pois não nos permite fazer nada,

aquela em que perdemos para o Criador.

As demais são simplesmente dores,

como por exemplo as perdas dos amores,

quando acrescentou,

que não nos lamentamos pelo leite derramado

e sim pelo jeito estabanado de lidar com o amor.

Nada é incondicional,

mas nós insistimos e persistimos,

em não crer nisso.

Nós não choramos pelo que perdemos

e sim pelo que nunca tivemos,

uma vez que ninguém pertence a ninguém.

Se não investimos um vintém,

então o que perdemos?

O nosso amor próprio não deve ser maior

e nem tão pouco menor,

que a própria expressão do amor em si,

mas se não temos essa exata proporção

e se não calculamos a dimensão,

como questionar então,

os critérios estabelecidos por essa tal de saudade?

Vão-se os anéis, ficam os dedos,

mas o maior medo,

é de um dia,

não ter mais dedos pra contar.