Mudaram as estações
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Ainda lembro do som; do apito e de todas as emoções que ele trazia naquele momento.
O barulho que ele fazia era como borboletas no estômago. E sempre me arrancava um sorriso e um brilho de confiança no olhar.
Ah, as estações rodeada de flores me mostrando a simplicidade da forma mais encantada.
Naquele vagão a alegria transpirava pelos meus póros.
Da janela eu via e sentia a felicidade de cada um que descia, levando a saudade nos lábios e o amor no peito.
Aqueles passageiros que entravam sentiam o borbulhar do amanhã.
As lágrimas eram doces como mel.
No trem era a certeza das estações.
Eu permaneci ali, firme, maleável e soberana.
Um a um foram descendo.
Me lembro do último passageiro que saiu. Ainda ouço aquela risada gostosa e do brilho de vida em seu olhar.
A porta abriu, o vento tocou o meu rosto e eu respirei fundo.
A estação Saudade me causou uma certa melancolia, uma angústia que impregnou na minha pele, tomando conta de tudo que eu acreditava.
A primeira Lágrima caiu... rasgou o meu coração.
Com muito custo ouvi o barulho...O apito...
Limpei minha face, segurei e sufoquei aquela dor.
E o trem seguiu...
A dor da Saudade foi tão grande que retorceu os ferros daquele vagão.
Um corpo no chão em fiapos.
O trilho... O trem, as estações.
O tempo secou as lágrimas que deixaram marcas em meu rosto.
Não há espelho na dor
Somente cortes profundos na alma
Acordei com o som do apito.
Levantei-me sobre os destroços do passado.
A estação do presente permanecem ausente
E o futuro é uma incógnita constante. O trem insiste em partir, mais as estações não chegam.
Permite
Permaneço só no vagão. Debruço e olho da janela.
Não há, vento.
Não há, brisa.
O tempo corre na preguiça da minha mente.
Hoje, lembro-me da estação que entrei vagão(mente)
E da estação por quem parti
Mas, AS ESTAÇÕES MUDARAM e eu não vi. Permaneci...