Tecido
Rasgou-me a alma
não te ter inteiro.
Entrelacei um devaneio possível
com as fibras do meu coração.
Esgarçou-se, porém, o tecido,
destruído pelas convenções
e pelos medos insanos
que nos escravizam a vida.
Amargo é o fel que me toma a boca
e que me conta tua decisão de se afastar.
O silêncio que me impinges
dói como o castigo do chicote
com que me fustigas os sonhos.
Invertemos os papéis
e agora tu me dominas
e eu, submissa,
espero que voltes
para que de novo eu te tenha,
e de novo beba
o mel da tua presença.
Rasgou-me a alma.