Cuia de mate
CUIA DE MATE
Num dia de chuva a saudade veio
Arrombando portas das minhas lembranças
Fazendo as dores já adormecidas
Encontrarem vida em mortas esperanças.
Revirando sonhos num quarto esquecido
Encontrei a cuia das nossas mateadas
A cuia de mate e o doce do amargo
Trouxeram o pulsar da alma enamorada.
Cuia de mate jogada num canto
Foi testemunha de votos de amor
Mate sorvido por dois sonhadores
Hoje é lavado só e sem calor.
Deixas-te os sonhos e a nossa querência
Foste pra longe dos planos traçado
Pra morar num mate lento e solitário
E ser a eterna, em um peão cansado.
Só ficou a cuia de mate jogada
Da linda morena que um dia eu tinha
Pois decidiu alçar vôos mais altos
E ser a eterna, sempre prenda minha.
Cuia de mate esquecida por mim
Presa no tempo que não vai voltar
Hoje é amargo seu doce de antes
É enzinebrados os mates que me da.
Cuia de mate que me fez tão bem
Misturou olhares com outros sabores
Entrelaçado em meio a paladares
Hoje seu gosto é só de desamores.
O mate, os sonhos e a minha prenda
Um trio tão belo em tardes de domingo
Foram pra mim os maiores valores
Que em pouco tempo foram se sumindo.
Deixas-te os sonhos e a nossa querência
Foste pra longe dos planos traçado
Pra morar num mate lento e solitário
E ser a eterna, em um peão cansado.
Só ficou a cuia de mate jogada
Da linda morena que um dia eu tinha
Pois decidiu alçar vôos mais altos
E ser a eterna, sempre prenda minha.
Renato Pimentel