Cuia de mate

CUIA DE MATE

Num dia de chuva a saudade veio

Arrombando portas das minhas lembranças

Fazendo as dores já adormecidas

Encontrarem vida em mortas esperanças.

Revirando sonhos num quarto esquecido

Encontrei a cuia das nossas mateadas

A cuia de mate e o doce do amargo

Trouxeram o pulsar da alma enamorada.

Cuia de mate jogada num canto

Foi testemunha de votos de amor

Mate sorvido por dois sonhadores

Hoje é lavado só e sem calor.

Deixas-te os sonhos e a nossa querência

Foste pra longe dos planos traçado

Pra morar num mate lento e solitário

E ser a eterna, em um peão cansado.

Só ficou a cuia de mate jogada

Da linda morena que um dia eu tinha

Pois decidiu alçar vôos mais altos

E ser a eterna, sempre prenda minha.

Cuia de mate esquecida por mim

Presa no tempo que não vai voltar

Hoje é amargo seu doce de antes

É enzinebrados os mates que me da.

Cuia de mate que me fez tão bem

Misturou olhares com outros sabores

Entrelaçado em meio a paladares

Hoje seu gosto é só de desamores.

O mate, os sonhos e a minha prenda

Um trio tão belo em tardes de domingo

Foram pra mim os maiores valores

Que em pouco tempo foram se sumindo.

Deixas-te os sonhos e a nossa querência

Foste pra longe dos planos traçado

Pra morar num mate lento e solitário

E ser a eterna, em um peão cansado.

Só ficou a cuia de mate jogada

Da linda morena que um dia eu tinha

Pois decidiu alçar vôos mais altos

E ser a eterna, sempre prenda minha.

Renato Pimentel

Renato Pimentel
Enviado por Renato Pimentel em 28/08/2017
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