Quatro de Outubro
Noite fresca de primavera
Noite de corpo gelado, estômago embrulhado
Noite de braços inseguros entrelaçados
Noite que te conheci
-Vergonha!
Já sabiam.
Torcida grande, me recordo
Saudade sinto toda vez que acordo
Os corações, ainda virgens
Nunca nada os tinham abalado
Foi então você, na noite fria
Que esquentou meu coração congelado
Nunca antes pude sentir algo semelhante
Você me abraçava e me fazia confiante...
-Ora bolas!
Berrava minha felicidade
Poderia alguém se sentir melhor que eu?
E depois de um beijo ou dois, o dia amanheceu.
Deus sabe como me senti
Uma selva dentro de mim,
fogo, brasa...
Você, até então jardineiro do meu coração
Fez murchar todas as margaridas plantadas
E o campo mais bonito já visto fora incendiado
pelo fim da paixão
-Tudo mentira!
Me avisavam.
Sempre fui intensa, é fato
Boato foi teu "meu amor".
Saudade tenho até hoje
Como a dor que... como pôde?
A noite era linda, me encantava
O vento batia suave
O frio não me ardia!
E nós, que sempre fomos Noite.
Aos poucos, apagando o fogo
Nos tornamos Dia.
Dia doloroso, sol com falso calor
Já tinha me acostumado com o teu.
Dia que não tem mais fim
Dia que não sabe me aquecer
Dia solitário
Dia [que vivo] longe de você.
Hellen, 27/6