Café e o Bolo da Mãe
É sobre antepassados e jogos de carta nas noites de chuva,
quando o carro-velho no quintal serve de jardim coberto,
no tempo em que esperto era o coelho aproveitando a manhã,
quando o café e o bolo da mãe
faziam o sentido das coisas
tomar jeito de música,
e o que se imaginava anjo
descobriu-se o velho do violão inventando a doçura.
Pois é, soprada para longe a cidade, ficam ruas de terra
da cor da memória e as casas cheias de histórias
e cheirando a fubá
guardam nomes de fantasmas
aonde a ferradura atrás da porta e o fogão a lenha
dispensam senha e confissões policiais.
Porque caminhar é diferente de sair, saber até que ponto
o motor é feito de estrada e ambição
regula a estrela que segue,
porque o vento na verdade é o sonho de ser livre
seguindo até o país vestir roupa de rebelde
na sala de jantar