SAUDADE DA INFÂNCIA
A saudade da infância
Não quer me deixar sorrir,
Como de novo eu quereria
Ser aquele garotinho
Que pra ele tanto fazia
O rio descer ou subir.
Que saudade hoje eu sinto
Da velha casa de madeira,
Do pé de jasmim florido,
Das rezas do mês de maio,
Do povo crente unido,
Da imagem da padroeira.
Que saudade eu carrego
Da minha infância querida,
Dos amigos de escola,
Da menina que eu gostava,
Até do jogo de bola.
Como era doce a vida!
A saudade da infância
Não se desgruda de mim,
Parece brasa queimando.
Quando lembro de mamãe
Sinto uma dor me apertando...
Por que precisou ter fim?
Que saudade hoje eu sinto
Do meu pai me acordando cedo,
Dos abraços das irmãs,
Dos brinquedos de argila,
Do carrinho de rolimãs...
Da vida eu não tinha medo!
Quanta vontade eu tenho
De voltar a ser criança,
Pra de novo ser mimado
No colo quente de mamãe,
Porém estou condenado
A conviver com a lembrança.
A saudade da infância
Que em mim jamais quieta,
Decidiu mesmo matar,
A cada dia está mais forte,
E não quer desocupar
O coração deste poeta.
Hoje que nada eu tenho,
Vivendo a mercê da sorte,
Das lembranças submisso,
Não tenho vontade própria.
Pois, se viver é só isso,
Então, eu prefiro a morte.