Sopa de Letrinhas

Numa noite escura de inverno, a lua tão branca e tão fria,
saudosa da minha infância, repleta de nostalgia,
resolvi fazer uma sopa, daquelas, que vêm com letrinhas.
Acomodei-me na cama, confortável, bem quentinha,
tomando a sopa gostosa, que aqueceu meu corpo frio.
Mas meu coração solitário... esse continuava sombrio.
Lembrando meu eu-criança - e apesar de já crescida-,
larguei a colher de lado para brincar com a comida.
No silêncio daquela noite, tentei formar palavrinhas...
Mas não tive muito sucesso: sempre faltavam letrinhas!
Teimosamente tentei, procurei... e entristeci...
Pois as palavras não vinham e, afinal, desisti.
Olhando a sopa já fria, no prato escorregadio,
foi me dando uma tristeza, um cansaço, um vazio...
Me deu uma saudade tão grande de coisas pequenininhas...
Coisas simples, coisas bobas, mas coisas assim tão minhas!
Senti a alma pesada e os olhos lacrimejaram
pelas coisas que se foram e que nunca mais voltaram!
Rosa Pinho
Enviado por Rosa Pinho em 25/05/2015
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