Cavalo de talo
Reporto-me
A minha infância
Quando com outras crianças
Costumávamos correr
Por entre os carnaúbais
Em cavalos magistrais
Que só na mente
Pode-se ter
Feito de talo de carnaúba
Que cada um
Sabia fazer
Enfeitados de fitas
Cada uma mais bonita
Dava gosto de ver
Todos emparelhados
Saiamos a juntar o gado
Pra não deixa-los correr
Íamos a boiando
Inocentes sonhando
Vaqueiros querendo ser
Depois que prendíamos o gado
No curral imaginário
Que tínhamos acabado de fazer
Fingíamos cansados
Soltávamos os cavalos no pasto
Pra eles poderem comer
E a mente
Ia criando
E novos sonhos chegando
Cada um
Mais impossível fazer
E o tempo foi passando
Cada um foi deixando
O sonho acabando
Nem mais podemos ter
Nossos cavalos de talo
E neles podermos correr