Resistente gente

Que tudo muda, a gente sabe.

A gente sente quando o vento vira

e enquanto é sol que aquece, pra que frio?

Quando o ar refresca, e o calor?

Toda semente, entendo, cresce

e rios, querem mar, enquanto descem.

Outonos tiram folhas do verão

e até neve impõe-se, gélida, ao vulcão.

Mas gente, nunca deixa de ser gente

e sente quando surge outra versão

daquilo que o que antes foi refrão

e ao fim das notas últimas, ressente.

Gente, quer eterno o que foi terno.

Gente quer de aço, todo abraço.

Sempre quer da vida o que não finda

e ainda não apreende o que desprende.

Gente, investe em vida e continua,

se apega e luta quando a perda chega

e enquanto houver vida em cada veia,

se algo morre, mesmo assim, peleia.