Um saudosismo doce

Quem nasceu às margens

de um Rio Doce

não tem nem o direito

de desejar ser amargo.

É um doce sem glicose

cachaça sem cirrose

mais para beterraba

e outras tantas coisas

naturais.

É paz e o rio é calmo

não tem corredeira

e nem correria

pelo menos ali

onde nasci.

É doce e barrento

e me lembra um bolo de fubá

como o do café da manhã

na velha mesa de madeira

que não era assim tão grande

mas que ia, digamos,

de um canto ao outro da memória.

Memória é história

e história é resgate

e resgatar é sonhar

de novo

e doce é o sonho

e nas suas margens

firmou-se um pacto.

E ele pacato continua.