SER OU NÃO SER?

No ontem perdido, cravado no tempo

Fui terna criança, fui sonho, promessa...

De dias vindouros de pura alegria,

Sorriso maroto,eu fui só fantasia!

Fui a felicidade de ganhar um presente...

Fui a estrela cadente na noite de Natal...

Fui a Boa Nova do meu meio-ambiente,

Eu fui euforia, fui prazer sem igual!

Fui Branca de Neve...Bela adormecida...

Eu fui Cinderela, fui também Rapunzel,

Dos contos de fadas, eu fui a poesia,

Todos meus caminhos me levavam ao céu!

Fui mãos que colheram as flores do campo...

Semente lançada num lindo jardim,

Fui corpo amparado no abraço apertado

Fui vivacidade...fui amor sem fim!

Fui gotas de orvalho que pousam nas rosas...

Beijo delicado de um beija-flor!

Fui sol, fui estrelas , noite enluarada...

Aurora de dias isentos de dor.

Fui canto de pássaros, manhã de outono,

Perfume da terra pós- chuva de verão...

Festa de cigarras ...eu fui primavera,

Puros sentimentos, fui só coração!

Sou hoje o espanto, a voz embargada...

Um grito truncado, algo a terminar,

Sou qual uma flor esquecida no vaso

Que o beija-flor desistiu de beijar!

O tudo que fui é meu ser redimido!

Só a velha questão ainda paira no ar...

“Se valeu a pena o tudo ter sido”...

Pois não sendo mais, só me põe a chorar.

SP, 10-12-2004