SAUDADE

SAUDADE

Eu precisava viver, mil anos, mil anos mais...

Para assistir o despertar...

A aurora a bradar, bom dia ao sol...

Eu precisava viver mil anos, mil anos mais...

Para comtemplar as estrelas...

Calar meu grito na escuridão...

Aprender com as palmeiras...

A domar os ventos... Ouvir o silencio...

Educar a emoção...

Domar minhas asas nos céus da esperança...

Na calmaria da bonança, mergulhar...

Inalar a paz da liberdade...

O sal do mar,

Assistir...

As aves nas laranjeiras... O parto do infinito...

Mil anos colher flores aos pés de Deus...

Ensinar a minha alma o doce do perdão...

Plantar minhas lágrimas no altar da fé...

Mil anos para advertir meus erros...

Mil anos para aplaudir os sábios...

Mil anos para espalhar meu riso...

Mil anos para degustar meus medos...

Mil anos para chegar a perfeição...

Mas somente um segundo para admitir sua falta...

Essa tortura...

Esse estado de graça que não se decifra...

Que somente queima e te chama...

Na febre impaciente do coração.

Poesia Marisa Zenatte