CASINHA PEQUENA

GILBERTO BRAZ ALMEIDA

Casinha pequena,

casinha pequena.

Ao lado da bica d’água,

perto de um riacho

onde as saracuras cantavam:

Quebrei três potes!...

Quebrei três potes!...

Quantos potes as saracuras

teriam quebrado

na cabecinha tenra

do menino poeta?

Casinha pequena,

casinha pequena.

Ladeada pelo paiol de milho

e o forno caipira,

onde um pão caseiro fumegava...

Que gostosura!...

Quanta fartura!...

Casinha pequena,

casinha pequena.

A última da colônia.

Jamais me esquecerei

do fogão de lenha,

do banco de madeira,

das lamparinas

e do colchão de palha.

Casinha pequena,

casinha pequena.

Os porcos grunhiam no chiqueiro,

as galinhas cacarejavam no terreiro,

as vacas mugiam no curral

e o vento soprava

nos galhos da paineira.

Casinha pequena,

casinha pequena.

Tão aconchegante,

tão modesta!...

Do tamanho do mundo

hoje é a minha saudade.

Casinha pequena,

casinha pequena.

Os ingratos

que te levaram ao chão

destruíram sem piedade

o abrigo modesto e simples,

onde nasceu o poeta.

gilbapoeta
Enviado por gilbapoeta em 29/02/2012
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