VERDES ANOS, DOCE PRIMAVERA

Encontrei entre guardados,

Uma fotografia antiga, amarelada,

Testemunha solitária que ainda me restou.

De saudades, extravasei-me em lira,

Fechei os olhos e viajei no tempo

Senti-me criança no pensamento:

Pés descalços, subindo às árvores,

Colhendo flores...

Quantas brincadeiras, quantas gargalhadas,

No vozerio estridente da meninada.

Inocência da infância risonha e bela!

Fase tão bonita de minha vida!

Verdes anos, doce primavera!

O grupo escolar, a professora, a capelinha da Serra,

A festa de São João, a fogueira acesa na noite sem véu,

Sob a lua faceira, que se exibia no alto do meu céu.

Como era feliz e não sabia! O mundo era todo meu.

Cabelos soltos, vestido de chita,

Na gostosura de saber-me bonita.

A vida era colorida, um jardim florido!

Regado pelo tamborilar da chuva fria,

O cantar do galo, da passarinhada,

Em lindos concertos para alegrar o dia.

O aroma da brisa das tardes sombrias,

Em que o sol vazava as folhagens dos arvoredos,

Para rendilhar o chão batido,

Bordando imagens, nossos folguedos,

Reacendem-me queixumes doloridos,

Aprisionados no coração, em total degredo.

Foi-se aquele tempo...

Retratos desbotados no sacrário das lembranças.

Hoje, rosários de saudades,

Filme do meu tempo de criança!

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 29/03/2006
Reeditado em 06/05/2006
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