VERDES ANOS, DOCE PRIMAVERA
Encontrei entre guardados,
Uma fotografia antiga, amarelada,
Testemunha solitária que ainda me restou.
De saudades, extravasei-me em lira,
Fechei os olhos e viajei no tempo
Senti-me criança no pensamento:
Pés descalços, subindo às árvores,
Colhendo flores...
Quantas brincadeiras, quantas gargalhadas,
No vozerio estridente da meninada.
Inocência da infância risonha e bela!
Fase tão bonita de minha vida!
Verdes anos, doce primavera!
O grupo escolar, a professora, a capelinha da Serra,
A festa de São João, a fogueira acesa na noite sem véu,
Sob a lua faceira, que se exibia no alto do meu céu.
Como era feliz e não sabia! O mundo era todo meu.
Cabelos soltos, vestido de chita,
Na gostosura de saber-me bonita.
A vida era colorida, um jardim florido!
Regado pelo tamborilar da chuva fria,
O cantar do galo, da passarinhada,
Em lindos concertos para alegrar o dia.
O aroma da brisa das tardes sombrias,
Em que o sol vazava as folhagens dos arvoredos,
Para rendilhar o chão batido,
Bordando imagens, nossos folguedos,
Reacendem-me queixumes doloridos,
Aprisionados no coração, em total degredo.
Foi-se aquele tempo...
Retratos desbotados no sacrário das lembranças.
Hoje, rosários de saudades,
Filme do meu tempo de criança!