LAGO DOS ENGANOS

No lago dos enganos, antes tão claro,

Deparei a minha imagem refletida na água,

E como quem se despe por inteiro

Das roupas desbotadas pelo tempo,

Manchadas de vinho tinto estragado,

Nas mãos juntei todas as flores da mágoa

Que de causar tanto e tamanho sofrimento

Ao triste coração não se fartava jamais.

Decidido a ficar livre esgueirei-me sorrateiro

Para a beira mais escura do lago imundo,

E lancei na água parada que me refletia

Todos os espinhos que me cravou o mundo.

No vento brando que o coração sentia

Já não havia o mesmo tormento de antes,

Mas um confortante sentimento de paz

Que naquele momento me era o bastante.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 08/07/2017
Reeditado em 11/09/2017
Código do texto: T6049180
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