PENUMBRA

Na penumbra percebo um rosto,

Não sei a sua origem,

Nem o seu destino;

Um rosto com traços humanos!

Não sei se emite uma cor definida,

Ou se absorve todas as cores do espectro;

Se vive na flor da idade,

Ou se já viveu muitos anos!

Percebo reflexos de amor

Em seus olhos melodiosos,

E lágrimas sonoras inundando

O poço do silêncio aterrador!

Percebo gritos de socorro

Em contraste com gritos de adoração;

Palavras agonizantes procurando

Palavras simpatizantes na penumbra

Para morrerem juntas em comunhão!

Uma voz doce demandava ouvidos

Onde pudesse abrandar os gritos;

Era a voz esperançosa da paz,

Soando no vazio como prece;

Buscava na multidão de vultos,

De todos os recantos e tempos,

Ouvidos abertos, acolhedores,

E retornava ao rosto, desolada,

Moldando em seus lábios, amargurada,

Gestos de desgosto profundo, indecisos,

Cansada de cantar para a plateia

De um mundo belicoso, amante

Do canto heroico dos vencedores;

De um mundo feito de ouro e diamante,

Que não sabe o valor do sorriso!

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 02/06/2013
Código do texto: T4321766
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.