Vai lá e faça!
dores de cabeça para reverter
não há nada o que eu possa fazer
numa onda de tristeza eu vim a lhe ter
com um perfuramento no meu peito a se refazer
não destrua minha mente com a tua forma
com o teu jeito, com uma única e sequer norma
vou me ajoelhar perante a tua ordem
foi um caminho sem volta e coberto em desordem
tenho seringas injetadas na veia
para te esquecer, imagino que isto você não leia
vou dizer o que quero, não posso ditar
minhas regras são inúteis ao seu louvor
mas me ponho de pé a frente do teu amor
água fria me faz refrescar neste duro mar
que me fez naufragar no verbo de codinome "ar"
amar, ligar, afetar, abandonar, chorar, voltar, odiar...
uma sequencia de saudades imperdoáveis
que me distanciam dos teus beijos louváveis
agora eu vou me ferir - agora eu vou seguir
uma gota de lágrima - uma hora de fé sensata
acordar junto ao travesseiro - aludir-me a me tornar guerreiro
agora eu vou me ferir - agora eu vou seguir
agora eu vou ferir - agora eu vou pedir
por uma brecha de amor ao meu pai que está bem ali
no céu ao me olhar, ele ora por mim
meu Deus, me faça ir pro caminho que não seja ruim
destrua-me o lado que contenha a saudade
me desfaça dessa humilde maldade
peço-lhe com um choro em vão
pois o passado é algo solitário
vou seguir o meu presente árduo
assim, de chinelos e sangue na mão
meu rosto já é uma alusão
ao que um dia foi uma ilusão
já não posso mais tocar na pele dessa beldade
uma arma segue em minhas mãos cravada na insanidade
ferindo o meu dócil e gentil estorvo
vou me juntando a um solitário corvo
para pegar da carne crua o pudor que perdi
sigo sem consentimento bem ali! naquele vil!
o pai de tanto me guiar, nuvens em mim ele viu
o ódio me encobriu com uma raiva tão sinistramente viril
vou matar agora mesmo este momento!
sem dó nem piedade! vou direto para a maldade!
num relance de sanidade, um vulto tão lento
cai na desgraça no veloz vento
agora eu vou me ferir - agora eu vou seguir
uma gota de lágrima - uma hora de fé sensata
acordar junto ao travesseiro - aludir-me a me tornar guerreiro
agora eu vou me ferir - agora eu vou seguir
agora eu vou pedir - agora eu vou rir
sozinho na escuridão, sem nada de migalha de pão
sozinho em vão, farinha eu via no chão
eu só pedi para ter uma boa família, no entanto...
eu só queria ter um pai presente, no enquanto...
eu só gostaria de ajudar os meu amigos, no portanto...
egoísta eu fui, matando ao meu ego sujo
esfarelando o meu eu, eu fui aos poucos me destruindo
cortando-me a cada instante o meu dito cujo
formei a mais bela muralha entre os indo e vindo
de observador, fui vendo cada dor, cada uma ruindo
em cada esquina que eu pisava, asas do meu corvo estavam
mesmo que ali eu não parecesse estar, minhas lágrimas alcançavam
a sede do momento foi se extinguindo a um inútil tormento
e de telespectador passei a ser um belo ator
fingindo com um sorriso, tento trazer alegria a sua dor
fingindo uma devoção, tento lhe dar uma melhor visão
fingindo amor e paz, tento o que todos querem, ele vai e faz
meu humilde pai que na minha solidão está comigo
Deus sempre junto a minha mãe, me trouxeram consigo
um acampamento de sossego e graça
onde eu pudesse dizer a alguém: "vai lá e faça!"