A violência

Os mortos esquecidos no cemitério

São os mesmos despercebidos nas ruas

Que parecem estar no outro hemisfério

Das nossas florestas nuas.

São florestas de pessoas, que são desmatadas.

São pessoas que morrem esquecidas.

São florestas de mortos-vivos amparadas

Pelo descaso dos vivos, por estes empobrecidas.

A dor que não é sentida pelos vivos da morte esquecida

Eu sinto languidamente a dor deles não sentida.

Sou o poeta das coisas esquecidas.

Eu sinto a dor que eles deixaram falecidas

Sem ter nascido no seu peito a vida,

Restando a morte esquecida.

Ulisses de Maio
Enviado por Ulisses de Maio em 29/09/2011
Reeditado em 29/09/2011
Código do texto: T3248682
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