AQUELA MENINA

Quem é aquela menina,
Essencialmente singela,
Que cruzou tantas esquinas,
Teve sonhos de cinderela,
A janela aberta para o encanto,
Que se iludiu, fluiu amor, amou tanto...?
Entretanto, a vida não é um conto de fada,
É uma enviesada estrada,
A vida é complexa, é errante,
E os sonhos se perdem no sopro do instante.
Quem é aquela menina,
Que mesmo assim, abre a cortina,
Tenta, inventa a ternura,
Supera o afã de loucura, as rasuras,
Se vira daqui, se vira dali,
Incorpora a canção de Vander Lee,
“Estou podando meu jardim,
Estou cuidando bem de mim”.
Quem é aquela menina,
Que age, interage com amplitude,
Compartilha o pão com outras sinas,
Emana solidária atitude,
Que sente alaúde emoção,
Ao ver os outros em humana condição...?
Aquela menina? não é tão menina assim,
Embora, a alma sempre seja,
Aquela menina é épica peleja,
É mulher, é mãe, é avó,
É a transformação do contra em pró,
É o olhar de avelã,
Que se reverbera a cada manhã,
É a sonoridade do advérbio sim.
...Aquela menina é minha irmã.
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Para Liliam