Ode a Bukowski

Há um pássaro gritante dentro de mim

Que anseia pela liberdade

Eu sempre lhe digo para permanecer no peito

Pois, o seu momento há de chegar

Escondo-lhe entre falácias, olhares, ações

E ninguém sabe que ele existe e se faz marcante

Há um pássaro gritante dentro de mim

Que anseia pela liberdade

Eu costumo ser dura demais com ele

Mas, sabe que é necessário

Derramo lágrimas, cuspo sangue e deposito

Meu ódio cotidiano, desencadeado da infelicidade

Há um pássaro gritante dentro de mim

Indago-o cotidianamente: que queres de mim?

Não me faças explodir

Deseja o céu e todo o seu conjunto

De constelações, enquanto espero ínfimo detalhe

De pudor e de alegria qualquer

Há um pássaro gritante dentro de mim

A sua linha do tempo da vida se resume

A estar engaiolado, mas sou bastante esperta

E o deixo voar algumas noites

Que é para respirar a inocência

E a aprender a crescer sob as suas próprias asas

Esse pássaro não morre, apesar da rigidez

Alimento-o com gratidão e, por vezes, dedico-me

A ele com toda a minha atenção

Faço-o adormecer em mim

Como uma espécie de pacto, mantemos relação

De equilíbrio sentimental

É o bastante suficiente

Para fazer uma mulher chorar

Eu desabo oceano

Onde está o seu pássaro?

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 18/07/2017
Reeditado em 18/05/2019
Código do texto: T6057537
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