Primeira pessoa do plural
Nós
que somos em conjunto
que adjunto
que pretérito
que futuro
E que futuro! se no presente, Nós...
se realmente, Nós
E que mundo
se desatados os nós...
...das pessoas...
porque esperar ser uma só pessoa?
Porque primeira, segunda, terceira
Pra quê a fila?
E se na fila porque não, a gentileza?
Sou primeira pessoa
mas vou deixar passar minha segunda
minha terceira...
Minha terceira, Nós
e Nós em qualquer tempo é sempre melhor do que, nós, apertados
Nós, lado a lado, vida!
Cada um se prendendo em si, um só
sete bilhões
Cada um, em primeira, segunda, terceira, singular, plural
um trilhão!...
E a bolinha sacode doida no espaço...
mistura tudo e tira de ordem
Portanto não quero ser pessoa em tempo algum
e ser só pessoa alheia que observa a segunda pessoa...
E quem surge?...
Ela
que agora ensimesmada é primeira pessoa
Não primeira ensimesmada de si
de carne...
É o que sempre foi
derramando-se esparramada em filosofia
E desafia as órbitas desses planetas gramaticais
faz de si um cais aportando a nau
de tantas e tanto e tudo, num tempo infinito de emprego só seu
Cala no poeta calado, imerso quase afogado
convocação evocada à conjugação do verbo
Dar braçadas, canetadas, submergir...
Lá do fundo do mar da alma quase sem ar
reabrindo, em sinal de vida, uma fresta dum cantinho do olho:
- Olha! Uma luz lá em cima, depois das águas, na superfície
É a clarabóia!
É a jóia rara
A concha Entreaberta e a pérola
Quimeras...
Eu
Tu
Ele
Nós
Nós
Nós
e Ela
Em primeira, segunda ou terceira pessoa:
Ela, mãe de toda ciência
filosofia pura!
e Nós...
vã poesia
Nota: dedico aos queridos amigos, irmãos em letras e versos, Claudio Broliani, Tomás Santos e à pessoa que em qualquer pessoa é extra extraordinária, Entreaberta.
Leiam: ¨Primeira pessoa do singular¨ de Entreaberta (fonte da inspiração).