PEDALAR DO ÍDOLO
 
Menino pobre, infância humilde, nenhuma história pra contar.
Sem estudo, muito trabalho, e pouco tempo pra brincar.
Queria ter espaço pra correr, e futebol poder jogar.
Segundo o que eu sei ele jogava, e até jogava bem.
 
Mas trabalhar já pequeno precisou,
e para trás o sonho deixou.
Logo cedo se apaixonou,
com uma bela jovem se casou.
 
Só de filhos encheu uma mão,
e mais um ainda, eu ...o temporão.
De sol a sol e sem recurso labutou,
com a esposa os seis filhos ele criou.
 
Assim foi por toda uma vida,
vinte quilômetros ele fazia.
Fossem a noite ou de dia,
na modesta bicicleta percorria.
 
Aos jovens craques todo respeito,
que nos campos a muitos eles encantam.
Com seus dribles e lances perfeitos,
e gols gravados em vídeo-tape.
 
Agora as jogadas que não esqueço,
são as das pernas frágeis do operário.
Que de madrugada ia ao trabalho,
Sem café e sem descanso.
 
Frio ou chuva tanto faz,
de bicicleta ele se vai.
E as jogadas que me criaram,
foram as pedaladas de meu Pai.