À uma mãe Severina
A criadora partiu
E tão triste ficou a criatura
Que seus olhos minados vivem
No coração restou um eco
De tudo que vivera e deixou de dizer
Como se perdera o que
Melhor a preenchia
Subtraíram-lhe as mãos enrugadas
Que de perto ou longe acalentavam
Seus medos do mundo
Fecharam os olhos solidários
Que liam-lhe a alma
Calaram para sempre
As palavras doces ou duras
Que lhe fizeram crescer
Que lhe ensinaram os porquês da vida
A criadora partiu
E a criatura, de corpo adulto,
Chorou como nas noites febris
E calou-se sozinha
Diante da afirmação de que
Severina não mais pegará sua mão
Nem passará as certezas
Das curas do mundo.