Animus Vivendi

Quando o castelo não havia sido erguido,

Sem manchas na malha, sem impurezas na casa,

Havia somente um homem a ser seguido,

Seguindo o homem que deveria ter vivido.

Oh Céus, porventura teus ventos assobiam o deserto,

De certa tua benevolência está por perto,

Cantando uma canção que não sei tocar,

Mas sei a paráfrase de amar.

O homem no mar de areia,

Em noite traiçoeira,

Meu Deus a mordida do sereno,

É um doce veneno.

Tremendo todos os ossos,

Temendo o frio da solidão,

Tua pele se faz tão confortável,

De um homem intocável.

Teu santo manto, envolve um pecador,

Tua santa presença enche o teto com pequena nuvem,

Me deu uma casa, me fez pescador,

Nu vem, ide até Tu, meu Senhor.

Não preciso de multidões,

Nem provar o meu valor,

Afasta-me escuridões,

Só preciso de teu amor.

Não nasci para encher igreja,

Forçar a salvação por livre arbítrio,

Não tenho sangue cereja,

Nem sentimento pátrio.

Quando só tem a mim cantando,

Sem eco de lábios secos,

Não preciso de convencimento,

Somente teu manto aconchegante.

Fazem mil graus no teu ombro esta noite,

Remédio que cura sem arder,

Relembrando do açoite,

Amas para morrer.

Construirei o meu castelo,

Mesmo fadado a ruína,

Escolhes-te meu cutelo,

Predestinaste minha vinda.

Uma palavra de amor,

É o livro da minha vivência,

Um momento de dor,

Não entenderia mesmo com toda minha consciência.

Mesmo que ninguém cante o meu som,

Mesmo que ninguém veja o meu dom,

Eu só quero um manto quente,

Eu só quero um canto ardente.

Iluminar com tua chama vívida,

Sentir tua palavra,

Que me arrepia com o verbo vivo,

O Teu ser é meu alívio.

Tu antenas meus sinais de frustrações,

Eu não ligo para as pestilências,

Pois tu é caça corações,

Para preenchê-los de benevolências.

Está muito frio lá fora para apreciar o inverno,

Seja nu, coberto ou de terno,

Oh pão da vida, água satisfatória,

És banquete eterno para esta escória.

O verbo vivo é anima para minha alma,

És conjugação de calma,

Não me julga com o carma,

Não usa minha culpa como arma.

De tua graça tenho Animus jocandi,

Me ensinas o Animus adjuvandi,

Crês no Animus confidendi para o Animus confitendi,

O próprio Animus restituendi.

Mesmo que este servo não atente,

Mesmo que este filho não entende,

Teu manto é laço de presente,

Tu és meu Animus Vivendi.

Corvo Cerúleo
Enviado por Corvo Cerúleo em 12/05/2024
Código do texto: T8061655
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