Soneto para Hélia Correia

Balsamo de tua face - flâmula da esperança

Ungida – mãos dadas sob a sombra da aroeira!

Espelha beleza adquirida nos vendavais.

Pétalas invisíveis no sonâmbulo pistilo da vida.

Busco e vejo paisagem no tempo esquecida

Nego a visão do todo, lembro outros carnavais

Tenho de seguir – a vida me cobra o preço

Do instante cujo gozo nem me lembro mais.

Quimeras nos encontros – momentos dados -

A reverter sentimento – primavera florida

Se apróxima! Vem vindo a blasfemar o clima.

Já não existe primavera dos sonhos a sonhar

O balsamo se entranhou na tua face, no teu olhar

Quiçá no verão volte o brio a enternecer.