RAINHA DA MANHÃ E DO LUAR

Era de se esperar procissões e louvores, mas estou conduzido pelo anjo que desfruta dos carinhos de minha alma, enquanto a caveira sonha com as loucas gargalhadas da conquista

Cobicei-lhe dos seios a fartura, do entre-coxas o mel do delírio, mesmo sabendo que tocava a sagrada criatura de uma redenção feita de cólera

Pouco importa

Quero e embrenho nas asas abertas do que sendo sexo é feroz ante a justiça da noite, porque na estrada o que menos ameaça é o lobo, há feras que sangram só de olhar, pois do silêncio as tendas escondem conspiradores espirituais que se queimam quando tocam nosso amor de procuras escaldantes, que dedilho na guitarra púbica que você oferta para encher a Via-Láctea de perfume embriagado de cores melódicas

Saiba, que no deserto onde seres indecifráveis vigiam, atravessaremos os perigos pela senha dos sexos que trazemos enfurecidos de gula, e sobretudo o ritual do prazer nos guia entre as pedras cortantes da cobiça, quando apenas sua dança anuncia paz no oásis em que ornarei-lhe a doçura – rainha da manhã e do luar