quando fevereiro chegar
meu bem mais que bom
eu não sei ao certo
se é meu ou se é só deserto
quando me atravessa
sem me tocar
meu caminho de pedras
por onde passo atônita
por onde tropeçava, desastrada
e caía só pra olhar pra cima
meu céu de estrelas
feito água em mim
um véu de azuis
meu ponto equidistante
entre o revoltoso e o pacífico
meu desejo e minha sina
faria quase como Djavan
só penso em seu nome
quando quero falar de amor
me aquieto, então
queria que o ano
ainda fosse velho
pra que depois da meia-noite
pudesse te ouvir falar:
“queria fazer contigo o que
a primavera faz as cerejeiras”
no Grêmio, onde a virada era boa
não diria nada
sorriria
lembraria de tudo de amor
que já li de Neruda
me apaixonaria por você
como se citações
fossem necessárias
pro que tua presença já fez
no final das contas
é isso
você é uma primavera
em mim