A flâmula

Ao olhar para o infinito e ver o azul do céu reluzir, a criança sorridente disse: "Que beleza mamãe"! Ao seu lado sempre cantarei a música dos anjos, para que o amor, a vida e a natureza possam reproduzir e se multiplicar.

Em seu canto havia rés de oração que emocionava a alma, com a beleza dos astros a menina foi se modificando, enquanto sua imaginação fluía qual palmas nascidas do solo fértil.

É que a menina, além de sorridente, tinha consciência fremente de que da selva só sairia boa ninhada, onde o amor vagueia sobre as pedras das fadas brilhantes, cuja sentença era andar sem deixar rastros na areia.

- Para onde foi? - murmurava a mãe cheia de magia, a menina pergunta: – “La belle de Jour”? Não, menina! Não olhe mais para o céu! Olhe para o chão onde ainda resta um pouco da areia que o vento não levou.

A mãe acariciava a filha e a criança cheia de esperança dizia que um dia iria brilhar, amar e sonhar com bons tempos, onde não haveria violência para mais ninguém castigar.

Há milhões de mães e filhas carentes de um tudo, milhões em busca de alentos a saciar a fome, milhões que há muito quase não comem, anoitecem e amanhecem com fome, sem nome e sobrenome, esquecidos, recuperando e buscando a própria dignidade, atente-se.