Genuinidade

Olhe o quanto de você em mim permanece e se enraíza

O cheiro, o gosto, a mudez

O silêncio entre os intervalos das inspirações

profundas e, às vezes, dolorosas.

Em mim fica(ra) e não se afasta

Aquela dúvida por aquilo que se omite

Nos fugidios olhos castanhos a catarem pelo espaço

respostas rápidas, atrozes, todavia inevitáveis.

Engasgam-me as frases, locuções, verbos não pronunciados

Escandalosamente compreensíveis

Sem enigmas a sererem decifrados

Como a nueza de um deserto, uma planície árida

Contudo, em mim, ainda haveria ceticismo

Mesmo que a verdade afiançasse o testemunho

Porque a cólica nasce da defesa do aparente longínquo

Que, afinal, persistindo, romperia o laço presente

E como poderia, oras, o beija-flor pesar por flores secas?

Quando há fragrâncias, bem-quereres e um jardim florido.

Como poderia apenar-se elegendo majestade os fantasmas?

Sacrificando a existência franca, palpável, verossímel.

Renato W Lima
Enviado por Renato W Lima em 31/07/2023
Reeditado em 31/07/2023
Código do texto: T7850349
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