Furor Matricial

Nenhum som vem das tuas ranhuras

nem do gotejar arfante das negras nuvens

porem há gritos aflitos de ti criatura

que somente as almas ouvem

sem nenhuma censura

Conhecer o amor sem nunca poder amar

ser vermelha em meio a verde lume

cores mortas perdidas no ar

Nau que é da noite e seu negrume

navega em ondas serenas

mas o coração nunca assume

o calor das praticas Obscenas

E no corpo a insatisfação progressiva

como um poema sem fim e sem começo

um orgasmo sem nenhum apreço

a cada ato morrer mesmo estando viva

Velas acesas quando o sol se apagar

luz que nunca é verdadeira

e nas ondas deixar o desejo flutuar

viver a vida por inteira

com as entranhas expostas

Tão difícil é o teu coração

que passa as noites sonhando acordada

no seu bater misterioso enredo

são os sonhos eroticos na madrugada

entrevendo a cruel solidão

sobre a terra árida, cruel arvoredo

tão difícil é o teu coração

que não conhece o medo...