PEDÁGIO

Eu puxei uma cadeira no bar

e disse ao ancião o que sonhava,

o cara respondeu que tudo tem o devido valor

porque no mercado do cosmos

é mais importante a essência do que o crédito

porque não há consumo de dor

em todo o caso, ele me me disse,

se existir alguma dívida que não possa honrar,

suba pela estrada que segue além das montanhas,

e deposite aos pés do carvalho velho que divide o céu em dois:

as almas dos que perderam o jogo viciado do dinheiro e não puderam voltar

Eu peguei carona na rua sem nome,

na carreta que saiu da poeira depois da implosão do arco-íris,

e o motorista de duas cabeças e um olho pendurado no teto,

contou que os países desapareceram depois da estrada,

contou que as mulheres fizeram uma estrela das águas e soltaram pelo ar,

e que as riquezas foram saqueadas por adivinhos

que vieram das terras que só existem depois do Oriente, aonde é sábio calar

A única saída é soprar brasas para acender o coração

e pintar uma aquarela ao sol nascer

o que é sempre menino,

já não é possível ser alguém longe da amada

os últimos pés deixei de pedágio no fim da jornada