Quintaneando

Num mundo tão pequeno ao infinito

Em mim mesmo moro

Não sou o corpo em que habito

Nem sou de mim o que ignoro

Quando alguém me diminui

Com algum tom pejorativo

Digo: o que de mau da boca flui

Mostra o ser diminutivo

Saber-se grande, se preciso

Ou menor quando convém

Não ser na vida um indeciso

Nem ser na morte um ninguém

Não se vender ao se doar

Nem se calar ao se doer

Não se render sem nem tentar

Nem se tentar pra se perder

A vida é muito perigosa

Num mundo tão pequeno

Às vezes cura é venosa

Mas pode, às vezes, ser veneno.

Harlen Ribeiro
Enviado por Harlen Ribeiro em 09/10/2020
Código do texto: T7083485
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