Um instante de contemplação
Bebo whisky puro, sem gelo
Vejo você na cama nua em pelo
Enrolada no travesseiro como um novelo.
Diana Krall toca ao fundo no piano
Uma breve pausa neste delírio insano
Um intervalo para um pensamento cartesiano.
A placidez após a descida na montanha russa do prazer
Aquele momento de calmaria antes do oceano voltar a se revolver
A breve volta a sanidade preparatória para reenlouquecer**.
A beleza única da silenciosa contemplação
Os olhos interpretando e traduzindo toda emoção
Uma nova linguagem em plena formação.
Respiro fundo, busco seu perfume único no ar
Sinto-o misturado com as agridoces essências do ato de amar
É todo aroma que quero para eternamente me impregnar.
Você se mexe, como que me procurando
Entendo que está novamente me chamando
O desejo reacende sua chama nos provocando.
Fim da pausa, já durou demais
Desatraco rápido do efêmero cais
Refeito para mais, muito mais.
Retorna forte a sede de beber na sua fonte
Descansado, parto para subir novamente o monte
O êxtase cíclico e infinito é nosso horizonte.
**reenlouquecer - uma singela contribuição para a língua portuguesa, significa voltar a enlouquecer, enlouquecer novamente.